Em busca de competitividade e diferenciação, empresas têm buscado romper com a estrutura de seus próprios negócios, mantendo-se relevantes e inovadoras.
Mudanças como essas significam rompimentos nos modelos de negócios correntes, que não evoluíram desde a época do surgimento da internet. Como consequência, empresas acabam enfrentando crises existenciais. Para se posicionar à frente desse risco, alguns líderes estruturam equipes de pesquisa para criar uma perspectiva analítica de médio prazo (ex.: três anos), buscando identificar as forças disruptivas que afetariam a empresa e com qual intensidade. Não é simples.
Empresas estão acostumadas a abordagens rigorosas, porém limitadas, para o planejamento de futuro. Montam projeções financeiras, monitoram seus concorrentes próximos e seguem com a pesquisa e desenvolvimento dentro do seu setor.
Mas, quando enfrentam incertezas profundas, essas equipes geralmente desenvolvem o hábito de tentar controlar variáveis conhecidas internas e esquecem de monitorar fatores externos. O monitoramento de variáveis já conhecidas se encaixa dentro de uma cultura de negócios, porque pode ser medido de forma quantitativa. Essa prática leva os líderes a um falso senso de segurança e infelizmente leva a um retrato limitado sobre o futuro, tornando até mesmo grandes companhias vulneráveis a fatores disruptivos.
Os futuristas chamam esses fatores externos de weak signals (sinais fracos) e eles são um indicador importante de mudança. Algumas equipes de liderança seguem a incerteza procurando pelos weak signals. Elas usam estruturas comprovadas, estão abertas a visões alternativas do futuro e se desafiam a ver suas companhias e indústrias através dessas perspectivas externas. As companhias que não montam um processo para procurar continuamente pelos weak signals normalmente são ultrapassadas pelas forças disruptivas.
O processo para investigar o futuro está ancorado em confrontar incertezas internas e externas à empresa. Isso é feito através da chamada Teoria das forças do futuro, que explica como a disrupção deriva de fatores influenciadores de grandes mudanças. Esses fatores representam incertezas externas, ou seja, fatores que afetam geralmente a economia, governos e a sociedade. Eles podem ser positivos, neutros ou negativos.
Uma ferramenta simples é usada para aplicar a teoria das forças do futuro para as empresas enquanto elas estão montando seu planejamento estratégico. Ela lista os 11 fatores de grandes mudanças que normalmente estão fora do alcance de um líder. As empresas devem ter atenção a todos os 11 fatores e também devem procurar por áreas de convergência, inflexão e contradição. Padrões emergentes são especialmente importantes porque eles sinalizam algum tipo de transformação. As lideranças devem ligar os pontos de volta até as suas empresas e posicionar equipes para tomar ações incrementais.
Todos esses fatores parecem um pouco onerosos à primeira vista, mas considere o benefício de um ponto de vista mais amplo: uma grande companhia de energia monitorando as mudanças na infraestrutura pode ser a primeira dentro de novos mercados, enquanto um fornecedor de soluções de software acompanhando os avanços da tecnologia 5G e inteligência artificial podem se posicionar melhor para competir contra grandes empresas do ramo.
A seguir os grandes fatores de mudança:
- Distribuição de riqueza: a distribuição de renda entre as famílias de uma população, a concentração de ativos em várias comunidades, a capacidade de os indivíduos passarem de suas circunstâncias financeiras existentes e a diferença entre as classes de uma economia.
- Educação: acesso e qualidade aos ensinos primário, secundário e posteriores; treinamento de força de trabalho; aprendizagens comerciais; programas de certificação; as maneiras pelas quais as pessoas estão aprendendo e as ferramentas que estão usando; o que as pessoas estão interessadas em estudar.
- Infraestrutura: física, organizacional, e estruturas digitais necessárias para o funcionamento da sociedade (pontes, grid de energia, malha rodoviária, torres de comunicação); as formas que a infraestrutura de uma cidade, estado ou país pode influenciar a de outros.
- Governo: legislaturas municipais, estaduais, nacionais e internacionais, seus planos políticos, eleições e as decisões reguladoras que fazem.
- Geopolítica: as relações entre líderes, militares e governos de diferentes países; o risco enfrentado por investidores, companhias e líderes eleitos em resposta a ações reguladoras, econômicas ou militares.
- Economia: mudanças nos fatores macro e microeconômicos.
- Saúde pública: mudanças acontecendo na saúde e no comportamento da comunidade perante estilos de vida, cultura popular, doenças, regulamentações do governo, conflitos e crenças religiosas.
- Demografia: observações nas taxas de natalidade e mortalidade, renda, densidade populacional, migrações, doenças e outros fatores dinâmicos que levam a mudanças dentro de uma comunidade.
- Meio ambiente: mudanças na natureza mundial ou em regiões específicas, incluindo eventos e flutuações climáticas, aumento do nível dos oceanos, secas, altas e baixas nas temperaturas. A produção agrícola está dentro desse fator.
- Mídia e telecomunicações: todas as formas que mandamos e recebemos informações aprendendo sobre o mundo, incluindo redes sociais, portais de notícias, plataformas digitais, serviços de streaming de vídeo, jogos e e-sports, tecnologia 5G e as infinitas formas de conexão entre as pessoas.
- Tecnologia: não como fonte isolada de mudança, mas como tecido que liga negócios, governo e sociedade. Sempre procura-se desenvolvimentos tecnológicos emergentes, bem como sinais técnicos dentro de outras fontes de mudança.
Essa lista pode parecer desnecessariamente ampla para se preparar para o futuro, porém ignorar essas fontes potenciais de mudanças geralmente deixa as organizações vulneráveis à disrupção.
Na Spin, optamos por revisar nosso software SCADA do zero, abraçando uma nova tecnologia (.Net) a fim de nos adaptarmos ao futuro. O Action.Net é um software que, inclusive, vai além das funções de um SCADA tradicional, abrindo possibilidades de utilização na indústria 4.0. Mas a evolução não pode parar por aí e seguimos atentos aos rumos que nos farão seguir relevantes para nossos clientes.
As lideranças podem optar pela incerteza e rastrear metodicamente as forças disruptivas desde o início, ou podem optar por inovar por pouco e reforçar as práticas e crenças tradicionais. Por aqui, nós estamos trabalhando em um misto de ambas posturas, mas buscando uma adaptação que nos permita rastrear com mais precisão e intensidade as forças disruptivas de nossos mercados. E sua empresa, que rumos irá tomar?