O erro mais comum encontrado em quem deseja iniciar um departamento de gestão de ativos (GA) é utilizar a mesma infraestrutura de um centro de controle, imaginando tratar-se de tarefas similares, quando o departamento correspondente é o de melhoria contínua e qualidade.
Em certa ocasião, foi apresentado ao responsável por um centro de controle de uma grande distribuidora de energia um software de gestão de ativos, demonstrando tudo que o podia fazer, todas as inúmeras variáveis que podiam ser monitoradas e suas vantagens, e a resposta foi a mais sensata e óbvia possível, “em minha tela quero o mínimo de informação possível, meus operadores cuidam de inúmeros circuitos e ativos, e qualquer coisa que possa atrair a atenção é um gasto de tempo que eu não tenho”.
Departamentos de gestão de ativos (DGA) usam um perfil profissional diferente dos atuais centros de controle, e embora o resultado pareça o mesmo, uma vez que ambos direcionam serviços de manutenção e emitem relatórios estratégicos, as diferenças são enormes em resultado financeiro.
O primeiro intuito deste tipo de departamento é gerar processos que reduzam custos de manutenção, identifiquem falhas que não são visíveis e maximizar a vida útil de cada equipamento, mas para isso o número de colaborares é restrito, e os equipamentos de medição devem possuir alta confiabilidade, de forma que o custo imposto pelo serviço não onere o custo removido pelo serviço. Ele também deve trabalhar em conjunto com a engenharia, guiando onde os esforços devem ser concentrados, mesmo que este não seja composto por engenheiros, uma vez que o software realizará a parte mais especializada do serviço.
Ao utilizar a gestão de ativos, obviamente alarmes correntes são detectados e assim como um centro de controle a manutenção é acionada a atuar corretivamente, contudo, com a GA também são detectadas falhas que ainda não acionaram alarmes. Em certos casos, meses antes de algum acionamento. E mesmo para aquelas falhas que são detectadas poucas horas antes de um alarme, concessionárias com equipes reduzidas e muitas ocorrências consideram inestimáveis tais horas de aviso.
Os DGAs ainda trazem um aumento de opções de gestão e governança que é pouco explorado no momento, mas está em franco crescimento. Dentre as principais, podemos citar o ganho ecológico, identificação de gargalos e orientação para renovação dos parques, abertura de estudos de eficiência, inclusive a guiar viabilidade de contratos de retrofit, e a possibilidade de melhora de indicadores, em especial de qualidade de fornecimento.
Basicamente a tática é tornar a máquina capaz de transformar dados de ativos em informação, trabalhar esta informação e chamar a atenção do operador para onde possa existir um eventual problema. Embora muitos diretores vejam esta descrição como a possibilidade para reduzir o corpo técnico e de engenharia maximizando os lucros, a verdade é que o ganho está em colocar os engenheiros a trabalhar sobre os problemas que ocorrerão, e não mais sobre os que já ocorreram ou sobre os que não vão ocorrer, minimizando o desperdício de horas de trabalho.
Como exemplo, citamos um vazamento em uma GIS ou um disjuntor híbrido. Por razões construtivas, este vazamento será mínimo e levará meses até ser percebido por um densímetro ou medidor de pressão, o qual acusará um alarme de que um nível crítico foi alcançado. Em uma plataforma que acompanha estes ativos, é possível identificar variações da densidade do gás e evitar o dano ecológico, bem como o custo do vazamento, e mesmo o dano físico. Temos casos de sucesso deste tipo de ocorrência onde a detecção ocorreu com mais de 5 meses antes de chegar ao patamar em que o densímetro indicaria uma possível falha.
Para fazer tal detecção de um vazamento mínimo, já que medições variam conforme a temperatura ao longo dos dias e mesmo com a carga que passa pelos contatos do equipamento, o software precisa usar detecção de padrões, curvas de tendência e alarmes personalizados que não estão relacionados com valores absolutos, como é o caso de medições obtidas por um centro de controle através de um simples sistema SCADA (Supervisão, Controle e Aquisição de Dados).
Com o fenômeno de big data, sistemas de gestão de ativos, como o implantado por nós, trazem a percepção de informações oriundas de dados aparentemente sem correlação. Antes quaisquer falhas eram tratadas como eventos pontuais. O entendimento de que “não existe carga fora do sistema” e que tudo está relacionado permite achar soluções para problemas que muitas vezes as concessionárias nem sabiam que tinham, resultando na redução de troca emergencial de ativos.
O departamento de gestão de ativos ainda possui ferramentas que difundem habilidades, como é o caso de uma análise química que determina falhas em transformadores, muitas vezes necessitando de um químico ou um especialista para o diagnóstico. O software de gestão por sua vez interpreta os dados e fornece uma declaração do tipo de falha com recomendações de necessidade de manutenção, acompanhamento ou troca.
Outro dos ganhos é o estudo de eficiência. Determinados equipamentos se deterioram mais rapidamente quando submetidos a tensões maiores, outros quando são submetidos a correntes maiores. Como há dificuldade de visualizar o todo, temos as flutuações dos dois parâmetros conforme o consumo. Uma das funções da gestão de ativos é perceber qual o equilíbrio perfeito de eficiência e vida útil a fim de maximizar a relação custo benefício, entendendo quando a troca de um ativo é mais atrativa do que mantê-lo ou reformá-lo.
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